Trust networks and conflict

I have written a 4 part series on how current governance networks can be scaled to create a single network which increases cooperation and reduces conflict. Part 1 introduces trust networks and…

Smartphone

独家优惠奖金 100% 高达 1 BTC + 180 免费旋转




O conceito de culpa burguesa

Ultimamente tem rolado muito por aí um certo comodismo frente às injustiças. Se você é homem e se depara com o machismo, a única coisa que você acredita poder fazer é sentir muito, quase aquele meme “perdão por ser homem”. É uma espécie de culpa burguesa em que você não realmente se debruça sobre a opressão e pensa como pode agir coletivamente para extingui-la, você somente lamenta no seu cantinho e deixa os oprimidos agirem.

Obviamente a culpa burguesa é um reflexo da nossa estrutura. O comportamento burguês vai ser passado como o coerente para o restante da humanidade através da ideologia dominante. Com isso, não é incomum vermos a burguesia tentar aliviar a sua culpa pela destruição do planeta com campanhas “eco”, como a diminuição do uso do canudo ou qualquer coisa assim.

Veja bem, não digo que essa nova moda ecoindividualista foi lançada pela burguesia. Na verdade, existe uma demanda por esse “ativismo individual” que vem de uma parcela dos consumidores. Só que tudo é dialético, não é mesmo? E então devemos lembrar que as pessoas não nascem individualistas tanto assim quanto querem nos fazer acreditar, na verdade, o sistema capitalista incentiva o individualismo de forma bem contundente, ao ponto de nos tornar cada vez mais individualistas. E, a partir disso, com uma população mais individualista, é exigido do capital mais individualismo ainda, só que agora em forma de mercadoria. Percebe? O sistema nos faz individualistas e a partir disso nós exigimos dele individualismos de mercado.

O mais complicado de tudo isso é que absorvemos esse costume e reproduzimos também em nossos momentos de militância. Não é porque nos colocamos contra as opressões, ou até mesmo contra o capitalismo, que deixaremos de lado, automaticamente, todos os costumes que derivam dele. Não estou aqui para falar sobre a causa negra, LGBT e feminista apropriadas pelo capital, isso aqui tá todo mundo cansado de saber. Tá todo mundo cansado de saber que a burguesia sempre se renova para manter-se hegemônica. Não espere que o burguês tenha mais a cara de um velho rançoso que cospe em seus funcionários com um chicote na mão. Talvez ele seja uma mulher com uma saia de cintura alta, piercing no septo e franjinha bem curta falando “inhaíiii, viado” em um comercial.

O que eu quero falar aqui é sobre a problemática de transferir a cultura capitalista para o nosso ativismo mesmo. Não estou falando sobre apropriarem nossas pautas e lucrarem com elas. Eu quero falar como nós mesmos temos alimentado a culpa burguesa dentro da nossa forma de construir militância.

Na minha concepção, além da cultura burguesa nos influenciar, o pós-modernismo impulsionou e MUITO essas práticas inefetivas e individualistas de se colocar contra as opressões. Todo esse rolê de “local de fala” tem feito com que as pessoas se acomodem em seus cantos e não queiram fazer nada. Obviamente eu entendo a importância do protagonismo feminino na luta feminista, o protagonismo negro na luta contra o racismo e etc. Eu compreendo a importância dessa parte que as tais teorias do local de fala buscam trazer. O problema é que isso tem ajudado a acomodar quem já era acomodado. A gente sabe bem que tem uma enorme parcela de pessoas que quer estar do lado certo da história sem fazer o mínimo esforço e essa questão de que “homem não pode ajudar na luta feminista”, por exemplo, é uma mão na roda para aquele homem de esquerda que queria ser legal no rolê, mas que não queria precisar mover seus dedos de fato. A militância pós-moderna incentiva o comodismo, incentiva completamente a culpa burguesa. Não se pensa mais em mudar o mundo, se pensa somente na sua “parcela de culpa”. Percebe o quanto isso é problemático e individualiza o problema?

Primeiro porque se você realmente se importa com o machismo, por exemplo, o caminho mais correto NÃO é ficar no seu canto “reconhecendo seus privilégios” e tentando se tornar um homem melhor. Isso individualiza uma questão estrutural. Não só porque mudando um homem ou outro não mudaremos a estrutura machista, mas porque, novamente, a questão do machismo vai ser sobre o homem e não sobre a mulher. A militância pós-moderna, na tentativa de trazer um protagonismo para a mulher, acaba tornando o feminismo um algo sobre os homens quando os impede de fazer alguma coisa de fato efetiva. O homem ao invés de entrar nas trincheiras com a mulher para construir um mundo novo livre de machismo, vai ficar pensando sobre ELE e pensando como ELE pode melhorar. Vai ficar pensando sobre os erros DELE do passado, ao invés de ajudá-la a construir um mundo novo que será benéfico para ELA, passa o dia inteiro pensando sobre ELE e reconhecendo os SEUS privilégios. Por isso que não gosto quando alguém fala que o papel do homem no feminismo é tentar se desconstruir e rever os seus defeitos e o dos seus coleguinhas. Obviamente a desconstrução vai ser importante, mas ela não pode se tornar um objetivo para nenhum homem, porque senão tudo aquilo será voltado para ELE e ele experienciará uma luta antimachista que se volta para a reeducação dele e de seus colegas e não para a libertação concreta das mulheres.

Aaaaah, e como eu odeio quando alguém aparece para mim falando “fulano é legal, ele reconhece seus privilégios”. Ok, mas como a culpa que ele sente por ter nascido como nasceu vai ajudar os oprimidos? Ficar no seu canto se sentindo o máximo porque reconhece seus privilégios não ajuda em nada, o ideal é que você pegue esses seus “privilégios” e faça alguma coisa para que eles deixem de existir, ora. Obviamente eu nem sou de concordar que ter direitos básicos e ser tratado como gente seja um privilégio, mas isso já é assunto para outra coisa.

Esse tipo de militância individualista tem tornado os indivíduos de esquerda cada vez mais acomodados e egocêntricos, é tudo sobre você, é tudo sobre reconhecer os SEUS privilégios. Eu sei que tudo isso foi criado pensando no protagonismo dos oprimidos, mas a real é que criou um efeito contrário, gerando diversos “militantes” que só pensam em si mesmos, só pensam na sua desconstrução própria e não na libertação dos oprimidos. Sem contar que isso nutre ativistas acomodados que preferem não fazer absolutamente NADA com a desculpa de que não querem roubar o protagonismo de ninguém.

Sabe como protagonismos são roubados? Quando você não busca se organizar politicamente rumo a uma alternativa ao capitalismo. Parado aí sem fazer nada, o protagonismo de bilhões de trabalhadores está sendo roubado, pois permitimos que o mundo continue sendo comandado pelos burgueses. O protagonismo dos negros, das mulheres e dos LGBTs vai continuar sendo roubado enquanto as condições de vida dessas pessoas forem ruins; suas histórias vão continuar dependendo do salário miserável que ganham no fim do mês de um homem branco cis hétero e BURGUÊS. Quer protagonismo negro, feminino e LGBT? Permita que essas pessoas sejam donas de seu próprio trabalho, que sejam donas do meio de produção!

Engels era filho de burguês, um cara extremamente rico. Ele podia ter ficado enchendo o saco de Marx o tempo todo falando “carai, veio, eu sinto muito por ter nascido rico. Sinto muito pelo que minha classe faz com vocês. Sinto muito que você tenha que passar fome e pene pra sustentar sua família. Cara, reconheço muito que sou privilegiado, eu não passei por nada que você passou, só você sabe sua dor” ao mesmo tempo em que via o cara se afundando em dívidas sem conseguir terminar seus escritos. Só que graças ao bom senso ele não ficou se lamentando e pensando nele mesmo, pensando no quanto ele era culpado ou privilegiado, ele ofereceu a Marx todas as condições de estudar a burguesia colocando-o DENTRO da fábrica do seu pai para desenvolver uma teoria que possivelmente poderia derrubar e degolar o seu próprio progenitor. Além disso, quando Marx tava fodido da vida, Engels ia lá e pagava as contas do cara para que ele continuasse a desenvolver uma teoria capaz de mudar o mundo. Ou seja, não ficou lá paradão se lamentando por ser privilegiado, pegou o seu privilégio e FEZ ALGUMA COISA para ajudar aqueles que não eram.

A culpa burguesa e individual não nos ajuda, afinal em alguma coisa eu e os pós-modernos concordamos: a luta contra as opressões é sobre quem sofre as opressões; é sobre libertar os oprimidos. O problema é que eles não percebem que a tática deles de tentar incentivar um protagonismo, acaba incentivando, na verdade, um comodismo profundo em quem não se encaixa em alguma esfera de opressão. E se compreendemos que o machismo, o racismo e a LGBTfobia só acabarão com o fim do capitalismo, precisamos entender que todos os homens brancos héteros e cis da classe trabalhadora se fazem necessários nas mudanças estruturais, quer vocês queiram ou não. Não podemos despertar nele, portanto, um sentimento de culpa somente; mas sim um sentimento de empatia e indignação que consiga ser transformado em luta.

Além da culpa burguesa incentivada em pessoas não oprimidas, o pós-modernismo incentiva também uma espécie de “revolução individual” naqueles que são oprimidos. O capitalismo, não conseguindo mais esconder suas injustiças como o machismo, o racismo e a LGBTfobia, passa a vender soluções que não comprometem de fato a sua hegemonia, conformando a população por um certo período de tempo. Eu vi esses dias um comercial de absorvente dizendo que “a conquista da mulher é individual, mas a vitória é de todas”. Bom, se uma filha de burguês conquistar o cargo principal da empresa da família, eu não vou me sentir vitoriosa pela conquista dela. A conquista dela é SIM INDIVIDUAL, e tentar tornar isso coletivo é uma forma bem tosca de desincentivar a ação das massas. Além do mais, as mulheres não saem vitoriosas, quem sai vitoriosa é a classe dela, a burguesia, que agora tem uma mulher para chamar de empresária podendo vender representatividade por aí. A sociedade é dividida em classes e não em gêneros.

Quando você passa a incentivar que ações individuais são revolucionárias e fazem bem para todos os seus semelhantes, isso te desincentiva a buscar seus semelhantes e a construir uma política coletiva com eles. Nada é por acaso, e incentivar “revoluções individuais” é um ato bem planejado para que as pessoas se contentem com isso e não busquem revoluções verdadeiras que realmente abalem alguma coisa.

Quem me conhece também sabe como eu odeio coisas como “tudo é político quando se é uma mulher” ou “estudar e se formar em um governo que quer te ver se um diploma é revolucionário”. Não, nada disso é revolucionário. Sabe o que é revolucionário? Uma revolução, oras. Parem de gourmetizar a revolução e mascarar a sua preguiça de mudar o mundo com ações individuais justificadas. Não existe revolução individual e nunca vai existir. Reclamamos tanto que o capitalismo tem deixado as pessoas egoístas, mas em algum momento dessa trajetória os militantes passaram a achar bonito ser protagonista de tudo e personalizar completamente as lutas. Pare de ser egoísta, divida a luta com seus semelhantes, você não vai mudar o mundo sozinho.

Se for para se apaixonar por frases clichês substituía o “quando uma vence, todas vencem” por “nenhuma mulher será verdadeiramente livre enquanto houverem outras aprisionadas”. Inverta a ordem! Não acredite que um indivíduo liberta os coletivos, compreenda que somente quando o coletivo é liberto que os indivíduos serão livres. Acreditar que todas as mulheres venceram quando você venceu é acreditar que VOCÊ como indivíduo é protagonista da luta feminina, é egoísta, é personalista, é exibicionista. Quando falamos de protagonismo não falamos de protagonismo no sentido novela da globo onde um militante pretende ser o mocinho que libertará todos, mas que uma classe toda ou um grupo marginalizado todo serão agentes da mudança. Não adianta você “vencer na vida”, se empoderar se a Dona Odete que sofre violência doméstica continua achando feminismo algo do Diabo. Se nós não tivermos a coragem de conversar com ela para que ela compreenda a necessidade dessa luta, não conseguiremos mudar a vida dela; não teremos mulheres protagonistas, teremos indivíduos.

Ou seja, não adianta se fechar em clubinhos de “protagonismo” onde algumas mulheres estão ali para falar sobre feminismo e homens não podem falar. Isso não é dar protagonismo às mulheres, é dar protagonismo a uma ou outra mulher em específico enquanto outras continuam, infelizmente, vivendo a sombra de seus maridos sem conseguir protagonismo nem dentro de casa. Busquemos conquistas coletivas, minha gente, da mulher como gênero e não como indivíduo. Do pobre como classe, e não como indivíduo! E por aí vai.

Eu busco também o protagonismo daqueles que foram excluídos da história; mas busco o protagonismo deles em uma luta que verdadeiramente os liberte. Mulheres, negros e LGBTs à frente da revolução!!! E nós que temos nossos confortos e não passamos por determinadas opressões, sejamos mais Engels e menos desenvolvedores de uma culpa burguesa, que de culpa não tem nada e de burguesa tem tudo, já que é extremamente benéfica para essa classe, uma vez que não a ameaça em absolutamente nada.

Add a comment

Related posts:

What to plant in March

March is an exciting time for gardeners as it marks the beginning of the gardening season. In most areas, the weather begins to warm up, and the days start to get longer, providing the perfect…

Comparing The Performance of The Students Who Received Holistic Education Values and Those Who Did Not

In a traditional classroom, students are mere recipients of statistical data and figures, who will spew this information when asked. The conventional classroom depends on a conventional education…

Coconut pyramids

Coconut pyramids. Tender dessert is very delicious! They are prepared very quickly and easily, so you can treat yourself to this dessert. Coconut shavings are the crushed pulp of ripe coconut used…